sexta-feira, 9 de abril de 2010
O Gênese do Sangue - Parte III
- COMO ASSIM?! – Pierre berrou, sem entender
Por mais que já tivesse visto isso antes, Jacques ainda não tinha se acostumado com esse tipo de situação e essa, em particular, era nova para ele. Então, Jacques olhou novamente aquele homem que levitava sem explicação alguma, acima dele. Isso parecia machucá-lo bastante. Toda vez que Jeanne mexia seus dedos, o guarda soltava gritos de dor, assustando Pierre e os outros soldados que presenciavam a cena mais macabra que já teriam visto antes.
- O que está acontecendo aqui, Jacques?! – Pierre urrou, numa tentativa de pingar consciência e lógica no que via
Jacques não respondeu. Virou sua cabeça e notou que Pierre realmente estava desesperado. Ver um homem naquela situação não era algo comum, mesmo para um homem como ele. Jacques notou também que o Capitão estava tremendo, do seu dedo mínimo do pé até o último fio do seu cabelo e embora essa não fosse a hora para pensar nisso, quinze anos de implicância estavam, enfim vingados. Jacques havia se distraído com a visão do medo que Pierre estava sentindo que acabou se assustando com os berros que o guarda que levitava soltou. Estavam maiores, mais volumosos... Doloridos. Ele dizia baixinho, mas ainda assim de forma audível: “Por favor... Por favor... eu tenho uma filha para criar...”. Mas aquela Jeanne carinhosa e amorosa havia dado lugar a uma dama fatal. Ele estava de cabeça baixa, até então. Enquanto via o guarda se debatendo como um peixe fora d’água, ela levantou a cabeça vagarosamente, revelando uma versão demoníaca daquele anjo que sentava na cama. No rosto, marcas rubras como rosas vermelhas que se assemelham a tatuagens em tribal saiam das fendas oculares e se estendiam até as suas têmporas faziam uma espécie de maquiagem do mal. Os olhos, antes claros como o céu de um dia sem nuvens, agora estava num tom carmesim profundo e cintilante, como se chamas aquecessem as íris. Suas pupilas tomaram a forma de uma fenda, ficando semelhante aos olhos de um lagarto. Mas, o que realmente chamou a atenção de todos na cabana era que Jeanne estava chorando. Não eram lágrimas transparentes, como as de costume... Era sangue. Essa simples visão de uma Jeanne mudada fez um dos soldados correr de medo, saindo da cabana aos gritos. Pierre recuara mais alguns passos, tremendo muito e encostou-se à parede. Sua mente ainda recusava o que acontecia, era simplesmente surreal ver um de seus homens flutuando, suspenso por nada e gritando de dor toda vez que aquela mulher com uma aura realmente malvada mexia sua mão.
- Co-co-como isso é possível?! – Ele falou baixinho, temendo que a “demônia” o ouvisse – Isso é impossível! Isso não é algo de Deus...
Talvez realmente não fosse. Mas as dúvidas que corroíam sua consciência logo seriam respondidas. Jeanne começou a fazer gestos com a mão estendida, como se girasse algo e simultaneamente, o guarda virava devagar. Isso parecia doer mais que as mexidas de dedo que o faziam reclamar toda hora. Ao ficar completamente de frente para Pierre, o capitão pode notar que havia algo na garganta do rapaz. Tinha a forma da mão humana e estavam em volta do pescoço, como se o levantasse pela aquela parte do corpo, sufocando-o também. O Capitão notou também que a figura de mão que enforcava o seu subordinado era vermelha e brilhava, refletindo a luz da única vela ali. Então, como um relâmpago que atinge uma árvore, a conclusão atingiu sua razão.
- Sangue...
Pierre estava encostado na parede, nesse momento. Quando percebeu do que se tratava, deslizou por ela até sentar, incrédulo no que via. Já havia enfrentado todo tipo de meliante: Dos bandidos mais comuns aos assassinos mais frios... Mas isso era demais para ele. Que tipo de ser era Jeanne? Sua mente afundava em dúvidas enquanto ele via o homem choramingando “Por favor, me solte...”. A voz ficava mais e mais fraca. Era óbvio que a mão feita de sangue estava asfixiando-o. “Será possível que ela é tão má assim? Vai deixar o homem indefeso morrer sofrendo?” pensou o Capitão, que para seu espanto, ouviu uma voz grave vindo de onde Jeanne estava:
- Sim, capitão... Sou uma garota vil e cruel que verá seu soldadinho de chumbo sofrendo. – disse Jeanne, com uma voz tão tenebrosa quanto aquela estranha noite.
Jacques arrepiou e Pierre soltou um ruído estranho, agudo, como se fosse um gritinho de medo. Jeanne parou de olhar para o soldado e fitou o Capitão. Olhou a cena e deu um sorriso malvado, como se estivesse aproveitando aquilo tudo com um prazer imensurável. O Capitão sentiu sua espinha gelar quando a mulher lançou-lhe um olhar fulminante. Então ela abriu a boca e disse:
- Mas... Asfixiar não é maneira de fazer esse homem sofrer... – ela tombou a cabeça para o ombro, olhando o homem de forma curiosa – Tenho outros meios para trazer a dor...
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3 comentários:
queeeeeeeeeee esssssss... ta muiiito doidera!
Pourra, que história tensa. Na primeira eu achei que ia ser algo mais "feliz".
A tensidão chegou na segunda e agora aumentou, que ser demoníaco O>O
Continuarei a ler, só me avisar quando postar. Está muito bem escrito (;
ahhh! tah MUITO intrigante, cara Oo No início achei que ia ser de uma forma, agora eu não faço idéia o que vai acontecer... hahah MUITO BOM! :D
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